sábado, 20 de abril de 2013

"O que eu achei do espetáculo "Versidão", por André Okuma


O que eu achei do espetáculo "Versidão"
Por André Okuma 

Versidão é um espetáculo absolutamente provocativo, é uma daquelas peças enigmáticas, em que é necessário desvendá-la, é uma necessidade desvendá-la. Como Édipo, sinto que nossas vidas dependem disso. desvendar é fundamental para salvar algo, não sei bem o que.
“VERSIDÃO: O que está para além de nossa visão”, soa tão sarcástico quanto enigmático para uma peça criada no auge da era da imagem, e é.
Tentando ver desesperadamente na cegueira da sociedade do espetáculo, do jornalismo sensacionalista, do consumismo, do individualismo, da corrupção e de toda mediocridade da indústria cultural. Tentamos ver. Achamos que vemos. Versidão?
Sinto que somos todos cegos esperando a morte chegar, amaldiçoando um mundo já amaldiçoado. A verdade já não é uma realidade.
Há uma cena em que os atores correm de um lado para o outro, gritando nomes de grupos e coletivos de alguma importância artística, ao mesmo tempo que gritam nomes de ícones da cultura de massa, misturando o relevante ao irrelevante, confundindo, fundindo, indo, foi. Não sabemos mais o que é o que. O que é arte? Mais um enigma.
A tentativa de ver é uma tentativa já desesperada, de ver nas formas abstratas do sangue derramado, resultado do impacto de um balde de água fria (no caso garrafas - sangue engarrafado?)
No fim da peça, olhando a atriz sumindo lentamente no espaço. Não a vemos mais, e deixando de ver, percebo então a Versidão. Está tudo lá, diante de nossos olhos: A Praça. Vazia, imponente, gigantesca, os objetos de cena jogados pelo espaço que insiste inutilmente em resistir diante de tanto vazio. aí me dei conta, do enigma e de sua necessidade de desvendá-la, me dei conta do que é preciso salvar.
Este é o caminho para salvar a cidade, não Tebas, mas essa.

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